domingo, 10 de junho de 2012

Cinnamon Rolls ou A Nossa Doce Estreia


Crédito da foto: Carlos Edler


Esse é o post de estreia.

Clara e eu somos parceiras na cozinha.

Ela sempre se interessou em me acompanhar na lida com o fogão. E sempre gostou de meter o pitaco. Ou as mãos mesmo.

Eu ficava reticente. Sabe essa coisa de cozinha arrumadinha? Esqueça isso quando você desistir de dizer não e abrir as portas do recinto para seu filhote. A farinha vai parar no chão, um terço da receita vai ficar fora da tigela e seu estoque de panos de prato vai pro beleléu.

Um dia, acho que no desespero de cuidar de duas ao mesmo tempo, pensei: se não posso com o inimigo, me unirei a ele. Assim, meio atravessada, começou a nossa relação na cozinha, minha e da Clara.

E, filosofando um pouco, posso me declarar um tanto orgulhosa. Eu amo cozinhar. Acho uma espécie de alquimia. E acho isso muito fascinante para as crianças. Pelo menos para a criança que existiu e ainda existe em mim. Lembro da minha mãe em seu laboratório secreto de aromas, temperos, segredinhos e, principalmente, daquelas iguarias borbulhantes ao final de tudo. Ao mexer nas minhas panelas hoje em dia carrego comigo o cacoete das receitas maternas. Manias. Únicas. O meu relicário de memórias. Onde existe o sentimento de pertencimento. O elo com o materno.

Quem dera seja assim com a Clara um dia. E depois a Elena, que acompanha curiosa no colo do pai: caramba, a alquimia fascinante da cozinha se perpetuando por gerações.

Li há alguns meses o livro Como água para chocolate, da mexicana Laura Esquivel. Num trecho do livro, Gertrudis, umas das três filhas da Mamãe Elena, se sentia aliviada ao ver como os sabores da família continuavam à mesa por meio das habilidades de Tita, sua irmã caçula criada junto ao fogão. E fiquei feliz que aqui em casa é a maior farra em torno das panelas.

Bom, mas deixa eu voltar à receita de estreia. Anotem tudo aí, se arrisquem que é fácil, fácil (pelo menos na segunda tentativa) e depois dividam com a gente.

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Cinnamon Rolls

Ingredientes:

Massa
- 50 gramas de manteiga (prefira manteiga a margarina)
- 250 ml de leite
- 600 gramas ou 5 xícaras de farinha de trigo
- 1 xícara de açúcar
- 1 ovo
- 1/2 colher de chá de sal
- 60 gramas de fermento biológico fresco

Recheio
- 3/4 xícara de açúcar mascavo
- 1 colher de canela (eu coloco a olho, sempre coloco um pouquinho a mais)
- 60 gramas de manteiga amolecida
- A receita original, do programa Confeitaria, no canal de TV por assinatura Bem Simples (81, na NET), sugere passas e nozes ainda. Nós, por conta da Clarinha, ficamos só no açúcar mascavo e na canela. Tenho vontade de colocar pedacinhos de maçã fugi ou damasco nas próximas vezes.

Modo de fazer:

1) Prepare o buttermilk, misturando o leite com a manteiga no fogão e mexendo em fogo baixo até amolecer a manteiga. Não pode ferver. Para saber o ponto é só encostar o dedo e ver se está morno.
2) A receita manda usar a batedeira. Tentei fazer na mão, já que não temos esse equipamento mas foi impossível deixar a massa lisa, porque ela fica muito pesada com os ingredientes. Entonces, nós, a partir da dica do Carlos Edler, colocamos os ingredientes na nossa panificadora. Deixamos ela bater por nós e depois desligamos. Na hora de ir para a batedeira ou na panificadora é só colocar a farinha peneirada, o açúcar, o sal, o ovo e esfarelar o fermento longe do sal, que queima o fermento. Depois incorpore o buttermilk. Deixe ficar uma massa lisa e homogênea.
3) Deixe crescer por cerca de 40 minutos.
4) Depois abra a massa numa superfície enfarinhada formando um retângulo de mais ou menos 35cmx30cm. Essa hora a Clara se esbaldou.
5) Pincele a manteiga derretida em toda superfície, deixando 2cm descoberto nas bordas da esquerda e da direita.
6) Pegue a farofinha feita com o açúcar mascavo e com a canela e seja deveras generosa cobrindo a massa.
7) Depois enrole a massa como se fosse um rocambole só que da esquerda para a direita. Corte rolinhos de 4cm aproximadamente e coloque numa assadeira untada colocando cada rolinho de forma que o desenho do espiral fique à vista.
8) Deixe assar em forno pré-aquecido por 25 minutos ou até a massa ficar douradinha.

Enquanto assa, sinta o perfume de canela no ar. E nas suas mãos. E no seu rosto. Nas mangas da sua blusa. E nos cabelos do seu filho. Sim, estamos cheirando a canela até agora. Quem sabe um dia, lá longe, um dia, o perfume de canela volte antes mesmo do cinnamon roll sair do forno, só na lembrança dessa molecagem na cozinha.